TRADUÇÃO

sábado, 14 de agosto de 2010

- Não vai dar naaaada!*


De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Ruy Barbosa, 1914)
Quando tropeço na minha convicção espiritual, que assegura que pagamos muito caro com a perda de uma quantidade ínfima qualquer de virtude, impávida diante de impropérios desmesurados, sinto vergonha de mim, por ter sido educadora de parte desse povo triunfense e de algumas de suas autoridades. 

Envergonho-me por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver que o caminho da desonra é trilhado por aqui, serenamente, ou aplaudido, quando não é ele mesmo o caminhante. 

Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade, pela paz, pelo amor, e agora só tem para entregar aos jovens a derrota das virtudes pelos vícios. A ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com o outro, a demasiada preocupação com a satisfação própria, a qualquer preço, mesmo que a tal felicidade individualista implique em espraiar o desrespeito aos quatro cantos desta cidade, nos lares e nas instituições, até mesmo nas Escolas. 

Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantas desculpas para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre contestar, voltar atrás e mudar o futuro.Ah, meus Verdes Anos!

Mesmo envergonhada, hoje lavo minha alma, desamordaço a garganta, solto as palavras, há tempo trancadas, para defender a minha terra, dos ímpios. De sentinela, no Sentinela, meu dia de Ruy Barbosa chegou enfim! 

Tenho vergonha de mim, tornada dinossauro, pois faço parte de um povo que não reconheço, que envereda por caminhos que nunca pensei conhecer e jamais quero percorrer.Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. 

Não tenho para onde ir, e nem quero ter, pois amo este meu chão, as águas dos três rios que o banham, me estabilizam, e vibro ao ouvir seu hino, poeticamente composto pela grande Selminha que, vergonhosamente, perdeu a autoria, por um ato legislativo irresponsável. Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo triunfense! 

Em tempo: desrespeitoso o 1º ato do Presidente da Câmara João Batista, diante da manifestação popular na última sessão, ao ameaçar mandar ‘evacuar’ a Câmara pela Brigada... Mesmo sendo o vereador mais jovem que Triunfo já teve, parece desconhecer a força (legítima) que temos quando atravessamos a juventude. Entre os muitos jovens presentes, uma delas gritou-lhe: - Como vão nos mandar embora, se esta é a Casa do Povo? 

E por falar em mandar embora, como fica o ex-presidente Fábio em licença do cargo; vai para casa, para não atrapalhar as investigações da CPI, ou volta à cadeira de vereador, com direto a vez, voz e voto? Pensem nisso! Namastê!

*Adaptação de ‘Tenho Vergonha’,de Cleide Canton, publicado em sua página na internet.

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